Skymail TechTrends 2

Skymail TechTrends 9 ST: Quais são os principais desafios enfrentados na jornada de inovação? GC: O primeiro desafio é a resistência à mudança. Há muito aquela mentalidade do 'sempre fizemos assim'. Esse pensamento é um veneno para qualquer negócio que quer inovar. O segundo grande desafio é a burocracia, que trava processos e faz com que ideias boas morram antes mesmo de serem testadas. Muitas empresas se perdem em aprovações intermináveis e acabam sendo ultrapassadas por concorrentes menores e mais ágeis. Como superar isso? Criando um ambiente de confiança e experimentação. Nos clientes da Samba, vemos que os que mais inovam são aqueles que conseguem testar rápido e adaptar sem medo de errar. ST: Você é adepto da filosofia “Pense Simples”. De quais maneiras a simplicidade fomenta a inovação? GC: A simplicidade é o que separa grandes ideias de ideias que nunca saem do papel. No meu livro 'Pense Simples', mostro que o erro de muitas empresas é complicar demais, criando produtos e processos cheios de funcionalidades desnecessárias. O Instagram, quando surgiu, era apenas um app simples de fotos; o Uber, um botão para chamar um carro; e o iPhone revolucionou a telefonia ao eliminar o teclado físico. A GoDrive, do Grupo Águia Branca, adotou esse princípio ao introduzir um modelo de assinatura de carros muito simples, sem preocupações com burocracia, IPVA, seguro ou manutenção. Todos são exemplos de como a simplicidade foca no que realmente importa. Da mesma forma, a SambAI, plataforma de agentes de IA, foi desenvolvida para liberar a equipe da Samba de tarefas repetitivas da operação, automatizando-as com agentes alimentados por dados do próprio negócio. O que começou como uma ferramenta interna para simplificar processos, hoje beneficia diversos setores, permitindo que profissionais se concentrem em atividades mais estratégicas. ST: Os caminhos para a inovação diferem entre as PMEs e as grandes companhias? GC: Totalmente. As PMEs são como lanchas: rápidas, ágeis e mudam de direção com facilidade. Já as grandes são navios cargueiros: poderosos, mas lentos para virar. Startups e PMEs conseguem testar, errar e mudar rapidamente, mas muitas vezes esbarram na falta de recursos e escala. Já as grandes companhias têm capital, pessoas, redes de distribuição, mas sofrem com burocracia e resistência interna. O segredo é criar times multidisciplinares que funcionem como pequenas startups dentro dos grandes negócios. Além disso, as grandes também precisam se conectar com as pequenas, como o Itaú fez por meio do Cubo. Já a ArcelorMittal criou o AçoLab, conectando centenas de startups à empresa e transformando por completo a sua cultura. Em um setor tradicional como o aço, trazer a inovação para dentro da companhia foi essencial para manter a competitividade e encontrar novas oportunidades. Hoje, ela está entre as três mais inovadoras do país em vários rankings. ST: Hoje, qual é o panorama da inovação no Brasil e quais são as perspectivas para o futuro? Negócios que exigem cinco aprovações para qualquer mudança acabam perdendo velocidade. Enquanto isso, startups testam, validam e ajustam antes que o mercado perceba a oportunidade. A inovação precisa estar no DNA do negócio, e não ser apenas um evento isolado.”

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